sexta-feira, 17 de maio de 2024

DBS VS Fé: Desabafo

A vida é uma jornada cheia de surpresas. Muitas vezes, quando estamos no nosso ponto mais baixo, descobrimos uma força interior inexplicável, algo que só pode ser sentido. Essa força me deu a capacidade de enfrentar todos os desafios, mesmo com uma deficiência física raríssima.


Desde cedo, aprendi a lidar com as limitações físicas. Nunca me preocupei com as quedas na rua ou com a comida que deixava cair enquanto comia. 


Contudo, viver numa sociedade que julga pelas aparências tem sido doloroso. 


Embora eu tente não me importar, é difícil ignorar os olhares e os comentários. 


Quando namoro, a pessoa ao meu lado é frequentemente vista como minha cuidadora ou interesseira, e eu sou questionado sobre minha capacidade de viver uma vida plena.


A fé é meu alicerce. Acredito em um Deus que não vai me curar, não porque não quer ou não possa, mas sem dúvidas tem planos maiores para minha vida.


Porém, estará sempre comigo. Essa crença foi testada brutalmente em 13 de maio de 2024, quando meu aparelho de estimulação cerebral profunda (DBS) começou a sair do meu peito. 



Fui ao hospital das Clínicas, onde, sem vaga na sala de operação e com a anestesia local ineficaz devido à inflamação, tive que retirar o aparelho a sangue-frio. 


A dor foi indescritível, mas eu sabia que precisava ser forte.


Instalei o aparelho DBS em março de 2010 na esperança de melhorar minha comunicação verbal e reduzir os movimentos involuntários, uma técnica comum para pacientes com Parkinson. Passei um mês no hospital, enfrentando procedimentos exaustivos, incluindo a colocação de uma coroa de ferro na cabeça para a cirurgia.

A coroa de ferro, um dispositivo essencial para a precisão da cirurgia, foi firmemente fixada à minha cabeça. Durante a operação, fui acordado para os médicos poderem verificar minhas respostas vitais. Sentir os médicos mexendo no meu cérebro enquanto eu estava consciente foi aterrorizante, especialmente para alguém com medo de agulhas e sangue. 


Mesmo assim, os resultados iniciais foram promissores.


Infelizmente, sem explicação, desenvolvi um medo de andar sozinho. 


Lutando pela minha independência, em 2016 decidi desligar o aparelho e não mexer mais nele até recentemente. 

Em 2023, a área do peito onde o aparelho estava implantado começou a ficar vermelha. 


Os médicos insistiam que estava tudo bem, até que em 12 de maio de 2024, Dia das Mães, a pele rompeu. 


Corri com minha mãe para o hospital, onde passei a noite esperando a triagem.


Após a triagem, fui informado de que ficaria internado até discutirem meu caso. 


Entre confusões e discussões, minha mãe voltou para casa enquanto eu esperava, em jejum e no soro, por uma vaga na sala de cirurgia para a remoção do aparelho sob anestesia geral. 


No entanto, minha vida é uma constante prova de resiliência. 


Logo após minha mãe sair, fui chamado para a sala de procedimentos, onde decidiram remover o aparelho com anestesia local.


A inflamação era tão severa que a anestesia local não funcionou direito. 


A dor era intensa, meus gritos foram ouvidos por todo o hospital, mas finalmente, o aparelho foi retirado. 


No dia seguinte, recebi alta com diversas suturas no peito.

Agora, enquanto escrevo este desabafo, estou em recuperação. 


Aguardo a retirada dos pontos e saber como ficará a parte do aparelho que continua no meu corpo. 


Enquanto me recupero, trabalho como freelancer, ganhando  0,01 centavo por palavra escrita. 


Também promovo meu e-book "Sou diferente e escrevo minha história" na Amazon, na esperança de alcançar mais pessoas.


Para cobrir os custos com remédios e transporte, e continuar perseguindo meu sonho de ter minha casa própria e uma bicicleta elétrica, caso possam considerar dá um apoio, para  vakinha https://www.vakinha.com.br/4810812 ou via Pix (bfm2023.87@gmail.com).


Seu apoio será fundamental para que eu possa continuar lutando pela minha independência e autonomia. 


Cada contribuição faz a diferença na minha jornada de superação e esperança. 


Obrigado por me apoiar nessa caminhada.